terça-feira, 14 de março de 2023

Um anjo descia no tanque de Betesda?

    Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

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 Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!         




Vamos nesta oportunidade meditar na Palavra de Deus no Evangelho de João 5.1-15 que diz:

 

1- Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.

2- Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.

3- Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.

4- Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.

 5- Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo.

6) Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?

 7- Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.

8- Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.

 9- Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.

10- Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.

11- Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.

12- Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?

13- Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.

14- Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.

15- Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.

 

 

 

O nome “Betesda”, é aramaico. Significa “Casa da Misericórdia”.

 

Durante o tempo de Jesus, o tanque de Betesda estava do lado de fora das muralhas da cidade. Foi lá que Jesus realizou um milagre mostrando que Ele é maior do que qualquer doença humana e que a superstição e o folclore religioso são substitutos tolos e débeis da fé em Deus.

 

A tanque de Betesda foi usado nos tempos antigos para fornecer água para o templo. A menção de “Piscina Superior” em 2 Reis 18:17 pode ser uma referência ao Tanque de Betesda.

 

Em algum momento durante o Período Hasmoneano, um pool adicional foi adicionado ao original.

 

Superstição e Milagres

João nos diz que “um grande número de pessoas com deficiência costumava estar lá – o cego, o coxo, o paralítico” (Jo 5:3).


I. O significado de Alpendre.

Alpendres são entradas, ou portas. Estas cinco portas do tanque de Betesda, muito embora fossem entradas físicas, em um nível espiritual são alegorias que apontam para os primeiros cinco livros do antigo testamento, que foram escritos por Moisés, chamados de Torá e também de Pentateuco.

O Evangelho de João é enfático em dizer que o tanque, próximo à porta das ovelhas, possuía cinco alpendres, cinco entradas:

 

Ora, em Jerusalém há, próximo à porta das ovelhas, um tanque, chamado em hebreu Betesda, o qual tem cinco alpendres (Jo 5.2)

 

1. O que Significa Alpendres em Hebraico?

Em Hebraico, a palavra alpendres é o termo מְבוֹאוֹת mevoôt, que significa introduções, ou preâmbulos, que permitem alguém se mover suavemente para a próxima parte de algo.

 

E era justamente essa a função da Lei de Deus, a condução do povo de Israel ao Messias.

 

De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados (Gl 3.24)

 

O Apóstolo João queria trazer o ensinamento de que a Torá, a Lei de Deus, falava de Jesus Cristo. Por meio dos escritos de Moisés, os Judeus estariam aptos a reconhecer quem era Jesus Cristo, se eles realmente obedecessem a Lei, registrada nos cinco livros, as cinco entradas para a graça de Deus.

 

Por que João faz questão de registrar que o tanque tinha cinco alpendres,  no milagre da cura do paralítico de Betesda?

 

Ocorre que nem todos os Judeus da época de Jesus acreditavam nos demais livros da Bíblia (a Tanach em Hebraico – Torá, Neviim e Ketuvim – livros de Moisés, Profetas e Escritos).

 

Nos diversos grupos judaicos do primeiro século (Fariseus, Saduceus, Zelotes, Essênios, Herodianos), os únicos livros de aceitação universal eram os da Torá (Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio).

 

2. Os Alpendres São as Entradas Para a Graça

Então, o Apóstolo João está sinalizando, por meio da Bíblia de aceitação de todos os Judeus, que cada livro escrito por Moisés (representados pelos cinco alpendres), é uma introdução a Jesus.

Todas as palavras da Bíblia apontam para o Messias, o Salvador do Mundo.

Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; (Jo 5:39)

 

João usa desse lindo milagre, da cura de um homem que estava em um estado de paralisia, para ilustrar a paralisia espiritual de Israel, que não entrava por nenhuma das cinco portas deixadas por Deus como guia para o Seu povo.

 

Anjo, em Hebraico, é o termo “Malach” (lê-se “malár”), que significa “mensageiro”. A figura do Anjo de Betesda simbolizava o próprio Jesus, o Mensageiro de Deus, que desceu às águas (o batismo de Jesus) para curar o paralítico (Israel).

 

Infelizmente, a maioria deles não entendeu essa alegoria. Não podemos perder essa consciência de que toda a Escritura aponta para Jesus, fala de Jesus, e é pela vida de Jesus que devemos usar como o parâmetro maior de interpretação.

 

Ele é sem dúvida a chave hermenêutica de toda a Bíblia sagrada!

 

Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?

E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. (Lc 24:26,27)

 

3. Como Era o Tanque de Betesda?

O Tanque de Betesda era uma junção de duas piscinas, ou tanques de “batismo“, um ritual de purificação das impurezas físicas que os Israelitas tinham que fazer, antes de subirem ao Templo de Jerusalém, que ficava muito próximo.

 

Com o tempo, o lugar acabou se tornando um ponto de peregrinação de todos os tipos de doentes, que esperavam um anjo que descia e agitava as águas. Segundo João 5:4, o primeiro a entrar nas águas em movimento, seria curado.

As coberturas proporcionariam sombra para os deficientes que ali se reunissem, mas havia outro motivo para a popularidade do tanque de Betesda.

 

Dizia a lenda que um anjo descia à piscina e “agitava a água”. A primeira pessoa na piscina após a agitação da água “era curada de qualquer doença com a qual estivesse aflito” (Jo 5:4).

 

A Bíblia não deixa claro se de fato isso realmente aconteceu – João 5:4 não está incluído na maioria das traduções modernas porque é improvável que seja original ao texto – em vez disso, a crença supersticiosa provavelmente surgiu por causa da associação da piscina com o templo próximo.

 

 A cidade de Jerusalém sempre foi muito importante por ser considerada à cidade sagrada. Por judeus, cristãos e muçulmanos.

 

Nessa cidade havia uma fonte de água que ficava próximo da “porta das ovelhas”, ou seja, próximo a um mercado de animais. Talvez por essa cidade, ser reconhecida como sagrada, e, portanto, mística.

 

Nasceu a história de que essa fonte possuía águas miraculosas. Dizia-se que um anjo vinha do céu uma vez por ano, agitava as águas e o primeiro doente que mergulhasse, seria curado.

 

Muitas pessoas se aglomeravam aguardando um milagre. Na verdade uma multidão de pessoas inválidas: cegos mancos e paralíticos.

 

Foi construído nessa fonte um pavilhão para abrigar tanta gente, este possuía um alpendre com cinco pavimentos. O lugar foi denominado, ironicamente, de Betesda – que em hebraico significa “casa de misericórdia”.

 

 “Conta-se que muitas famílias, para se verem livres dos doentes, os abandonavam nos alpendres do tanque de Betesda. Os ricos compravam escravos para os ajudarem a entrar nas águas.

 

Alguns alugavam as bordas mais próximas, que possibilitavam melhor acesso. Todos queriam o seu milagre e, lógico, os mais abastados, sagazes e famosos, se sentiam perto da graça”.

 

É óbvio que se os mais abastados ficavam nos lugares de melhor acesso para entrar na água, os pobres e miseráveis ficavam sempre no fundo do pavilhão, sempre por último.

 

Eu sei que é difícil, mas imaginemos a situação: Um lugar que se acreditava que um anjo descia uma vez por ano, mas ninguém sabia a data exata.

 

De repente alguém grita: “o anjo agitou as águas”, e a confusão estava feita, doentes se jogando por todos os lados na tentativa de ser o primeiro a entrar, e novamente aconteceu que, ninguém sabe ao certo quem foi o primeiro e, portanto, não houve cura. Mais um ano de frustração.

 

II. Tanque de Betesda tornou-se Centro Cultural Jerusalém

Foram encontradas no local colunatas do estilo romano e uma pintura de um anjo agitando as águas que segundo os especialistas responsáveis pelo achado comprovam que essa pintura é do período dos imperadores romanos cristãos, fato esse comprovado pelos profissionais químicos atuais, responsáveis por estudos mais profundos utilizando a técnica do carbono 14.

 

Os romanos reutilizaram a estrutura e a aumentaram consideravelmente. Acrescentaram cisternas, bancos nas salas cobertas e, possivelmente, um altar para sacrifícios. O lugar era claramente um santuário onde se tomavam banhos de cura, sob a proteção de Serápis, como mostra as peças arqueológicas descobertas.

 

Afrescos murais representando a cura; ex-voto comemorando as duas funções de Serápis (curas e salvamentos no mar); moedas reproduzindo a efígie de Serápis e da deusa Hígia, filha de Esculápio; uma representação mostrando Serápis como serpente com a cabeça de homem barbado.

 

 O tanque de Betesda ficava localizado próximo a uma fonte que segundo registros, já tinha a função de abastecimento desde o período de Salomão como os mapas utilizados pela autora Karen Armstrong. A primeira menção de ocupação da atual área de Jerusalém, remonta do século X a.C. pelo povo Jebuseu nesse período não tinha referências de águas subterrâneas a parte ocupada pelos Jebuseu se resumia a um elevado bem protegido e com a fonte de Gion.



III. As descobertas arqueológicas


A Jerusalém do século I a.C. reunia vários elementos das culturas anteriores, como babilônicos, persas e helênicos, que as tinha conquistado. O helenismo profundamente difundido pela alta sociedade encontrava forças nas suas bases culturais principalmente quando estava relacionado à cura de doenças, estas eram entendidas pelos povos semíticos como provenientes de demônios crença essa difundida desde períodos remotos.

 

O culto desenvolvido no tanque de Betesda possuiu uma referência no texto bíblico atribuído a João em um período posterior a destruição de Jerusalém mais precisamente na década de 90 d.C. fato esse discutido por historiadores atuais que buscam a comprovação de um Jesus Histórico e que utilizam de textos joaninos para buscar tal referência. Segundo o professor doutor André Chevitarese:

 

“a passagem de João 5:1-9 diz respeito a um individuo com problemas de saúde, de movimento, que está há anos com esse problema, tentando entrar na piscina de Betesda. Jesus se aproximar dele e o cura, sem que ele precise entrar nessa piscina. Isso é a leitura (teológica) do texto.

 

Mas, essa piscina, descoberta quando da ampliação de uma casa no contexto de Jerusalém no final do século XIX, foi escavada em meados do século XX.

 

Para surpresa dos arqueólogos, alguns dados vieram à tona: o primeiro deles é que essa piscina faz parte de um complexo ligado ao santuário de Serápis (Asclépio) que era o deus associado à cura.

 

Ela tem muito pouco (pelo menos o que foi escavado) haver com o ambiente estritamente judaico. Talvez, por isso, Jesus não mandou o homem mergulhar na piscina; ele o curou ali mesmo na borda.

 

 Este era um santuário do deus da cura, Asclépio, e parece ter muito mais relação com as guarnições multiétnicas romanas estacionadas em Jerusalém, o que não quer dizer que ele também não possa ter atendido a judeus helenizados”.

 

O helenismo provocou uma intensa troca cultural, que veio a provocar grandes modificações na estrutura religiosa do povo judeu, entre esses elementos podemos assim observar a presença de cultos de deuses estrangeiros, enraizados no imaginário do povo que, como exemplo pode observar o aglomerado de pessoas que utilizavam o tanque de Betesda fato esse comprovado pelos achados arqueológicos, o sitio arqueológico encontrado possuía mais de 5.000 m2 a importância das construções indica que se tratava de lugar público.

 

O local foi encontrado durante as reparações e escavações da Basílica Santa Ana em 1888 pelo professor arqueólogo, Dr. Conrad Shick, localizado atualmente no bairro Mulçumano em Jerusalém, no século I, segundo o historiador Flávio Josefo esse bairro era chamado de Betesda o tanque ficava próximo da Porta das Ovelhas e da Fortaleza Antônia englobado pela terceira muralha construída inicialmente pelas ordens do rei Agripa I (41-44 d.C.), muralha essa que teve sua construção embargada pelo Imperador Claudio no ano de 44 d.C. e finalmente completada no ano de 66 d.C. pelos judeus revoltosos.

 

IV.  Jesus vai ao Tanque de Betesda


Jesus em uma de suas visitas á cidade de Jerusalém, resolveu ir até o tanque de Betesda e diante de toda essa situação deplorável, ele desviou sua atenção dos mais ricos, dos mais capazes e dos que menos precisavam da cura; dirigiu-se para um dos cantos esquecidos de Betesda e encontrou um homem que esperava por seu milagre há trinta e oito anos.

 

Jesus aproximou-se do paralítico e perguntou: “você quer ser curado?”. O paralítico respondeu o que era óbvio: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”. Nesse mesmo instante Jesus curou o paralítico e este começou andar.

 

 As pessoas afirmavam que o anjo descia até o tanque anualmente, mas ninguém sabia a data exata. Irrequietos, os doentes mais hábeis saltavam, esporadicamente, para se anteciparem ao anjo. A confusão era constante. Os que se sentiam melhor, corriam pelos corredores gritando “aleluia” e outros, nervosos e frustrados, desmentiam os milagres. Vez por outra, levantavam-se profetas prevendo o dia preciso em que o anjo visitaria o local.

 

Certos doentes jaziam por anos e anos em total mendicância, esperando o momento da cura que não chegava nunca. O estado de alguns era deplorável. Escaras cheiravam mal e piolhos podiam ser vistos a olho nu nos cabelos de certas mulheres.

 

Diante dessa realidade tão perversa, Cristo passou ao largo dos mais capazes, dos mais ricos e dos que menos precisavam de cura; dirigiu-se para um dos cantos esquecidos do tanque de Betesda e encontrou um homem que esperava por seu milagre há trinta e oito anos. Ninguém sabe seu nome, mas, com certeza era um pobre; sua família, ocupada com a sobrevivência, se esquecera dele fazia algumas décadas.

 

Jesus aproximou-se do paralítico e perguntou: “Você quer ser curado”? Ele respondeu dentro da lógica que aprendera: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”. De um só fôlego, Jesus ordenou: “Levante-se, pegue a sua maca e ande”. Imediatamente o homem pegou a maca e começou a andar.

 

A passagem de Jesus pelo tanque de Betesda aconteceu num sábado, o dia sagrado dos judeus, porque ele tinha um propósito: mostrar que a religião se preocupa, prioritariamente, com a sua estabilidade. Os religiosos sobrevivem da ilusão e não têm escrúpulos de gerar falsas expectativas em pessoas fragilizadas.

 

Quando aquele senhor abandonou o tanque de Betesda com a sua maca nas costas, Jesus deixou uma mensagem para a cidade de Jerusalém: "Os milagres que procedem de Deus não premiam quem souber se mostrar hábil, santo ou rico – Deus não faz acepção de pessoas, nem busca transformar os espaços religiosos numa corrida desenfreada pela bênção onde só os mais fortes sobrevivem".

 

 O tanque de Betesda é metáfora que lembra a humanidade que Deus olha graciosamente para os desfavorecidos, para os que não têm a menor possibilidade de se safarem dos torniquetes perversos da injustiça, para os mais indefesos – órfãos e viúvas, por exemplo.

 

Cristianismo deve, portanto, assumir o compromisso de continuar visitando os campos de exilados (Darfur), as clínicas de Aids (África do Sul), as periferias miseráveis das grandes cidades (Brasil) para anunciar a mais alvissareira de todas as notícias: Deus não se esqueceu dos pobres.


V. Qual o verdadeiro sentido do tanque de Betesda?


Contudo, constatamos que, o tanque nada mais era que uma espécie de “Aparecida do Norte” de sua época. Judeus que acreditavam em algo obviamente inexistente.

 

Um homem amparado pelo Senhor da misericórdia (6-9). Desanimado por não ter ajuda; mas, que em Jesus encontrou forças;

 

- Diariamente, as pessoas que tinham enfermos em casa, os traziam e os depositavam ali como se fosse lixo. Alguns até ficavam de acompanhante, outros mais abastados pagavam escravos para que servissem seu parente doente. Jesus, o Senhor da cura, estava na “Casa da Misericórdia”, mas não foi percebido, pois preocupados consigo mesmos, estavam à espera do movimento das águas.

 

- Neste ambiente competitivo havia muita discussão e brigas. Os mais fortes eram privilegiados. Este homem, sem ter ninguém que o ajudasse era sempre o último. Estava sempre em último lugar.

 

Então Cristo lhe perguntou “Queres ser curado”? A pergunta de Jesus poderia parecer obvia, mas não era. Pois, o perigo da dor prolongada é desistir da cura e ir levando do jeito que dá.

 

- Por ter esperado tanto tempo sem que ninguém o ajudasse entrar na água, bem que poderia ter perdido a esperança na cura.

 

Foi assim que Jesus o encontrou. Desamparado, apático, desanimado e decepcionado com o mundo.

 

Talvez a esperança pudesse ter dado lugar à mágoa e a falta de recurso o levasse a por a culpa nos outros. Mas Jesus, que sempre foi amigo e sempre ajudou aquele que carece de ajuda, foi seu amigo. Jesus foi a sua força. Com Jesus ele se levantou. “Jesus lhe disse: Levanta te, toma o teu leito e anda.

 

Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar”.

Jesus o curou sem pedir nada em troca, apenas por sua Graça e misericórdia.

 

No terceiro momento vemos:

3. Um homem abençoado após receber a misericórdia (10-18)

Que passou a incomodar o mal; mas, que em Jesus encontrou direção.

 

- Jesus sempre disse que veio para aliviar a dor e a tristeza do necessitado. Para ele, até outras tarefas poderiam ser deixadas de lado (como no caso de Marta e Maria), mas a de compadecer-se do próximo não se poderia deixar.

 

Por isso ele ajudou sem se importar se era sábado. Quanto ao homem, quando estava doente ninguém se importava com ele, mas depois de passaram a persegui-lo.

 

Qualquer veria aquela ocasião para a alegria e o agradecimento. Mas, sempre tem “os do contra”. Aqueles que o olhavam o brilho de Jesus com inveja. Para estes, um homem andando com uma cama nas costas era um prato cheio para as criticas.

 

Os religiosos judeus chegaram a conclusão que quem levasse uma agulha ou alfinete em sua roupa era pecador. Por isso, o homem foi advertido pelos judeus por estar carregando o leito no sábado.

 

Porém o homem rejeitou a advertência ao responder: ”Quem me curou disse: Toma o teu leito e anda”. Era como se dissesse: “se ao cumprir a ordem recuperei a saúde, como pode essa ordem ser errada”?

 

- O mal passou a persegui-lo, mas em Jesus ele obteve a direção. Mais tarde, quando Jesus encontrou o homem no templo lhe disse: “Já que está curado não peque mais para que não lhe aconteça algo pior”.

 

Este conselho de Jesus tem sentido, pois havia no intimo do coração Judaico uma premissa: “toda enfermidade do homem vem pelo pecado do homem, se, o homem foi curado seria porque seu pecado foi perdoado”. Por outro lado sempre houve gente que usou o amor, o perdão e a graça de Deus como desculpa para pecar.

 

Sempre houve aqueles que pecavam confiando na abundância da graça (Rm 6.1-18). Por isso, este homem, agora curado, poderia argumentar: “bom já que eu encontrei alguém que me libertou do pecado e me curou, posso continuar pecando e conseguinte sendo curado”.

 

Então, além da cura Jesus também dá a direção. Porém, antes ele não sabia que o havia curado, agora ao saber teve que relatar para as autoridades.

 

Então os religiosos foram a procura de Jesus para ouvirem dele a defesa. 

A defesa de Jesus foi surpreendente.

 

“Meu Pai não deixa de trabalhar no dia de sábado”. Certo autor comentou: “Durante o sábado o sol brilha; os rios correm; as pessoas nascem e morrem como durante qualquer outro dia; tudo é a obra de Deus”.

 

Jesus disse: “Se o Pai dá amor e misericórdia todos os dias; como não darei”.

 

Ao mesmo tempo em que um ato de misericórdia de Jesus é capaz de conquistar pessoas para a fé também faz com que os adversários se enfureçam.

 

O verdadeiro sentido desta mensagem é totalmente relacionado ao fato de Jesus estar passando por ali. Se Jesus não passasse por Betesda, a mesma nem mesma seria inclusa ao texto bíblico, mas de fato os autores notaram a importância desta mensagem, a qual poderia nos ajudar muito nos dias de hoje!

 

Enquanto o povo ficava de hora em hora esperando por um movimento nas águas, (os quais não relatam de fato ter tido êxito em curas) o próprio Deus andava entre eles. Enquanto seus olhos estavam fixados num tanque em busca de uma cura física, a própria Cura andava entre eles.

 

Isso demonstra o quanto o povo apegava-se nos valores físicos, procurando a necessidade de materializar algo para que pudessem acreditar na cura.

 

Jesus mostra que as velhas práticas somente têm valor histórico, Ele muda todas as coisas.

 

Jesus mostra-nos que os sacrifícios do Antigo testamento não são mais necessários. Não existe mais a necessidade de mergulhar sete vezes para receber a cura, é simples, puramente simples, apenas levante e ande!

 

Até hoje temos visto o povo que padece por esperar em algo que nunca lhe proporcionará realmente um milagre. Tantos como aquele aleijado assentados a beira de uma lenda, esperando com que ela se torne verdadeira.

 

O paganismo vem cegando vidas em torno de todo o mundo. Dentro da própria Igreja podemos enxergar tudo isso!

 

A intenção e fundamento deste texto não é fazer com que sua fé seja amornecida ou apagada, o verdadeiro sentido deste texto é levar a sua fé na direção correta.

 

Direcione sua fé naquele que anda em nosso meio até os dias de hoje, o verdadeiro Cristo que está vivo para sempre! Deixe de esperar que alguém te ajude á levantar quando Jesus já está estendendo suas mãos em seu favor á muito tempo! A verdadeira oportunidade não era daquele que se lançava nas águas após o movimento dela, a verdadeira oportunidade era daquele que lançava-se nos braços de Cristo o verdadeiro Salvador.

 

Você já teve esta oportunidade hoje? Então o que faz aí parado?

 

LEVANTE-SE E ANDE!

 

Jesus provou que o deus da cura não é Esculápio e sim Ele mesmo, o Senhor Jesus! Amém!

terça-feira, 19 de julho de 2022

Jesus nasceu na plenitude dos tempos para nos salvar

  Por: Jânio Santos de Oliveira

  Pastor e professor da Igreja evangélica Assembléia de Deus em Santa Cruz da Serra

 Pastor Presidente: Eliseu Cadena

 Contatos 0+operadora (Zap)21  ( 985738236 ou 987704458 (oi)

  Email ojaniosantosdeoliveira@gmai.com

 

Meus amados e queridos irmãos em Cristo Jesus, a Paz do Senhor!  

 




 Nesta oportunidade estaremos abrindo a Palavra de Deus que se encontra na epístola de Paulo aos Gálatas 4.4 que nos diz:

 

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,

 

O que é a dispensação da plenitude dos tempos citada na Bíblia?

Paulo está falando sobre as bênçãos de Deus vindas sobre nós a partir de Jesus Cristo.

 

Entre as várias coisas, diz que fomos escolhidos Nele antes da fundação do mundo (Ef 1:4); diz que nos predestinou para ele (Ef 1:4); diz que nos deu a redenção e a remissão pelo Seu sangue derramado (Ef 1:7); diz que fomos alvos da Sua graça abundante derramada sobre nós (Ef 1:7-8); diz que o mistério da Sua vontade foi desvendado a nós (Ef 1:9).

 

E é aqui que entra agora o verso da nossa análise: “de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra” (Ef 1:10).

Quando Paulo fala de “mistério” em Efésios 1:9 está falando de algo que não era conhecido antes, mas agora, através de Cristo, passa a ser conhecido, ou seja, não é mais um mistério, foi desvendado, clareado, mostrado por Deus.

 

E isso é a obra realizada por Cristo em nosso favor (principalmente sobre os gentios no texto em questão). Paulo desvenda de forma claríssima essa obra realizada por Cristo. Essa obra teve uma etapa realizada “no tempo”, ou seja, em um momento específico aqui nessa terra, segundo aquilo que Deus já havia determinado no céu.

 

Foi no momento apropriado de acordo com o decreto de Deus para que Sua vontade seja cumprida. Isso quer dizer que a plenitude dos tempos é quando as estações precedentes estabelecidas por Deus se completam, ou seja, é o “tempo certo”. Então a plenitude dos tempos marca o cumprimento de um período.

 

Há dois textos bíblicos no Novo Testamento que trazem a expressão “plenitude dos tempos”. O primeiro está na Epístola aos Gálatas: “Assim também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados aos princípios elementares do mundo. Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, a fim de redimir os que estavam sob a lei; para que recebêssemos a adoção de filhos” (Gl 4:3-5).

 

Já o segundo está na Carta aos Efésios: “Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento. E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo; isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:7-10).

 

No original, a expressão “plenitude dos tempos” não é idêntica nas duas passagens, mas é semelhante. Nas duas passagens a palavra “plenitude” traduz o grego pleroma que significa “aquilo que é preenchido”. No sentido de tempo, essa palavra denota “consumação”, “cumprimento”, “realização”.

 

Então a diferença entre as duas passagens está no termo traduzido pela palavra “tempo”. No texto de Gálatas a palavra “tempo” traduz o grego chronos que é usado geralmente para indicar o sentido quantitativo e sequencial do tempo, isto é, o tempo “cronológico”. Já no texto de Efésios a palavra “tempo” traduz o termo grego kairos que geralmente é aplicado para indicar o sentido qualitativo do tempo enfatizando “o momento”.

Na plenitude dos tempos, ou seja, no tempo determinado, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher e sob a lei.

Cristo nasceu de mulher para ser participante da carne e do sangue para que em tudo fosse semelhante aos seus irmãos ( Hb 2:14 e Hb 2:17 ).

Da mesma forma, para ser herdeiro da promessa, o homem necessita ser participante da carne e do sangue do Descendente, que é Cristo para alcançar a idoneidade “Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos” ( Jo 6:53 ).

 

Tanto na Carta aos Gálatas quanto na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo fala da plenitude dos tempos em conexão com o plano de redenção. No texto de Gálatas a “plenitude do tempo” significa o momento exato predeterminado pelo Pai em seu plano eterno no qual Cristo entrou no cenário da história humana.

 

O Verbo encarnou quando todos os eventos preparatórios foram cumpridos, significando que o longo período de tempo – chronos havia chegado ao seu final. Isso quer dizer que embora o plano de Deus tenha sido estabelecido na eternidade, esse plano se concretiza no tempo quando tudo o que foi estabelecido se completa.

 

Daí é possível entender também a correlação dos textos de Gálatas e Efésios; pois aos crentes efésios Paulo fala da plenitude dos tempos como sendo o momento no tempo em que se concretiza o plano eterno do Pai, segundo o seu beneplácito, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as do céu como as da terra.

 

A Era Cristã.

 

E um período que marca sistemas, computa intervalos de tempo determinados, com base em princípios astronômicos. Os calendários são baseados em unidades de tempo heterogêneas: as resoluções da Lua ou a translação aparente do Sol, conforme são apresentados pela ciência moderna. A escolha das unidades de tempo para periodizar a História é lógica em alguns casos e resultado do hábito em outros. A utilização da Era Cristã (E.C.) é um hábito entre escritores do Ocidente.

 

 Definições de tempos e períodos.

 

 A fim de que entendamos o que significa a expressão “plenitude dos tempos”(Gl 4.4), faremos algumas definições.

 

Na Antiguidade, a datação dos anos partia do início de certos reinados. Os romanos contavam os anos a partir da fundação de Roma. Os gregos usavam como referência os Jogos Olímpicos. A cronologia cristã firmou-se, definitivamente, no fim da Idade Média. Mas não é a única que existe. Os árabes contam os anos a partir da Hégira, fuga de Muhamad (vulgarmente, Maomé) para Medina, em 16 de julho de 622 da E.C. A aceitação universal da cronologia cristã fez com que os anos anteriores ao nascimento de Cristo passassem a ser contados de trás para frente (e.g. 10 a.C.).

 

1)    Geração.

 

Um período de 25 a trinta anos corresponde a uma geração, tempo em que os indivíduos passam a constituir família e gerar filhos. Um século engloba quatro gerações. Entre os teólogos, existem opiniões de que uma geração cobre um período de quarenta anos; para os judeus, a palavra “geração” podia indicar a sucessão do pai por um filho (Mt I.I-I7 ; Lc 3.23-38).

 

2) Idade e época.

 

 Idade é um espaço de tempo durante o qual ocorreram fatos notáveis (Idade Média, Idade do Bronze, Idade do Ferro,).

 

 Época é um período iniciado por fato importante (Época do Dilúvio, Época do Renascimento).

 

1)    Período e etapa.

 

Período é o espaço de tempo entre dois acontecimentos ou duas datas; certo número de anos que mede o tempo de modo diverso para cada nação (o período tinita, o período ático). Etapa é parte de um processo que se realiza de uma só vez.

 

2)    Fase e tempo.

 

Fase é um estado transitório, menor que a etapa ou o período. Tempo divide-se em três partes: passado, presente e futuro.

O tempo sem o movimento não seria tempo. Seria eternidade. O tempo é, pois, uma espécie de números. Mas não é um número descontínuo; é um número contínuo e fluente.

 

 3)    Dispensação.

 

É um período de tempo em que o homem é experimentado em relação à sua obediência a alguma revelação especial da vontade divina.

 

A frase vem do latim iispensatio e significa “dispensar”, “distribuir”.

 

4)    Eternidade.

 

 E um atributo que decorre da imutabilidade.

 

 O termo denota, com efeito, aquilo que não muda e não pode mudar de maneira alguma.

 

A eternidade é diferente do tempo.

 

O tempo corresponde ao que muda, ao que comporta a sucessão e o vir-a-ser.

 

 A eternidade é uma duração, quer dizer, uma permanência de ser, sem nenhuma sucessão; sem começo nem fim. Jesus nasceu em Belém. A profecia de Miquéias dizia que o Messias prometido aos filhos de Israel, nasceria em Belém, que, mesmo pequena em dimensões, tornou-se notória pelo nascimento e pela infância de Davi, que nela nasceu e cresceu. Contudo, o que mais imortalizou o seu nome foi sem dúvida o nascimento de Cristo. A palavra “belém” significa “casa de pão” (hb.) e “casa de carne” (ar.). A cidade de Belém está localizada cerca de nove quilômetros ao sul de Jerusalém, sobre uma colina rochosa, com uma população de aproximadamente quarenta mil habitantes. Seu nome primitivo era Efrata (Gn 35.19). Belém aparece pela primeira vez ligada a morte e sepultamento de Raquel, esposa de Jacó (Gn 35.19). Posteriormente, tornou-se famosa pela história de Rute, bisavó de Davi, nascida ali. Foi essa cidade escolhida por Deus para que nela Maria desse à luz ao seu primogênito: o Senhor Jesus (M q 5.2; Mt 2.1-6). Por isso, José, que era da casa e família de Davi, veio a Belém para se alistar com Maria, sua mulher (Lc 2.4-5). Desde esse acontecimento, que marcou a transição entre o Antigo e o Novo Testamentos, essa cidade se fez imortal. Atualmente, há em Belém duas pequenas entradas que conduzem a uma gruta, a da Natividade, que tem forma retangular e é iluminada por candelabros. Uma estrela de ouro, com a inscrição em latim Hic de Mana Virgine Jesus Chrístus natus este (“Aqui nasceu Jesus da Virgem Maria”), assinala o lugar do nascimento de Cristo. Uma manjedoura está situada à direita.

 

A visita dos anjos. Corroborando o que dizem as Escrituras (I Tm 3.16; Hb I.6)

 

 Como foi constante a assistência dos anjos ao Senhor Jesus.

No seu nascimento eles foram seus arautos e com hinos exultantes anunciaram as boas novas à humanidade (Lc 2.10-12,15-17).

Um anjo dirigiu sua fuga ao Egito (e o regresso) através de sonhos (M t 2.13-20).

Na tentação, os anjos o serviram;

Em sua agonia, o socorreram;

Na sua ressurreição, foram os primeiros a proclamar o seu triunfo;

Na sua ascensão, o escoltaram até ao trono; e,

Quando Ele voltar para julgar o mundo da presente Era, formarão o seu séquito

 

Quanto ao futuro

 

Embora evidentemente no texto de Efésios haja uma ênfase escatológica quando a história da redenção alcançar seu cumprimento pleno, a expressão “plenitude dos tempos” não se limita simplesmente a esse aspecto futuro.

A expressão “plenitude dos tempos” tem a ver com toda a Era do Novo Testamento; particularmente com o período que teve início com a ressurreição e coroação de Cristo.

 

Em harmonia com o texto de Gálatas, o Senhor Jesus Cristo veio na plenitude dos tempos trazendo redenção ao povo eleito de Deus, e hoje, exaltado, Ele governa o universo. Isso quer dizer que já na presente Era, tudo o que há nos céus e na terra, seja material ou espiritual, está sob o domínio de Cristo.

 

Mas isso, no entanto, é um mistério. Em outras palavras, num certo sentido o governo de Cristo ainda possui um caráter oculto; de modo que só sabemos a seu respeito porque nos foi revelado na Escritura; bem como só podemos contemplar o Cristo coroado no trono do universo pela fé (Hebreus 2:8,9). Mas a história da redenção caminha para o seu desfecho final, quando Cristo regressará gloriosamente e pronunciará o seu juízo (1 Coríntios 15:24,25).

 

Então quando a medida de tempo estiver completa em seu aspecto final, ou seja, na plenitude dos tempos em seu sentido mais específico, o governo de Cristo sobre todas as coisas será manifestado de forma visível, cumprindo assim de forma plena e final todo o plano eterno divino.

 

 Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

 

Para remir os que estavam debaixo da lei foi preciso:

 

A plenitude dos tempos;

O Filho de Deus ser enviado; o verbo encarnado nascer de mulher e estar sob a lei.

A vinda de Cristo ao mundo cumpre o tempo determinado pelo Pai, momento que torna possível àqueles que estão reduzidos à servidão (judeus), receber a adoção de filhos, ou seja, serem idôneos para participar da herança.

 

Ao fazer alusão à condição em que ele e os cristãos judeus eram ‘meninos’ (reduzidos à escravidão), o apóstolo Paulo demonstra que esteve sob a tutela da lei. A lei tinha a função de ‘tutor’ e ‘curador’, e estipulava o que o ‘menino’ devia ou não fazer até o tempo estabelecido pelo pai, quando tomaria posse da herança.

 

A filiação decorre de nascimento, já a adoção, neste versículo, refere-se ao processo em que o ‘menino’ passa a condição de idôneo para participar da herança do pai “Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” ( Rm 9:3 -5).

 

A adoção de filhos refere-se à filiação divina ou a herança dos israelitas? Eles eram filhos de Deus por serem descendentes da carne e do sangue de Abraão? Não! A filiação somente decorre de nascimento.

 

Para ser um dos filhos de Deus é necessário ser gerado d’Ele, através da semente incorruptível.

 

Os descendentes de Abraão não eram filhos de Deus e nem idôneos para participar da herança (Rm 9:8 ). Os judeus foram formados em iniquidade e concebidos em pecado como todos os outros homens (Sl 51:5 ). Mesmo sendo descendentes de Abraão, estavam retidos pela lei, estavam reduzidos à escravidão por serem nascidos segundo a vontade do varão, segundo a vontade da carne e do sangue (Jo 1:13 ).

 

Cristo, o Descendente, veio na plenitude dos tempos resgatar os que estavam debaixo da lei, livrando-os da condição a que foram reduzidos. Os judeus que creram passaram a pertencer a Cristo na condição de filhos de Abraão e herdeiros, conforme a promessa segundo a fé que o Descendente revelou (Gl 3:29 ; 3:23 ).

 

Os judeus reputavam que a herança decorria da lei, porém, o apóstolo Paulo demonstra que a herança decorre da promessa, sendo alcançada pela fé revelada ( Gl 3:18 ). Quando o Descendente chegou na plenitude dos tempos, sendo ele quem tinha a promessa ( Gl 3:19 ), resgatou os judeus para que eles recebessem a promessa do Espírito, que é o penhor da herança ( Gl 3:14 ).

 

Da mesma forma que Cristo resgatou os judeus, também resgatou os gentios, visto que a promessa dada a Abraão diz do Descendente e de todas as famílias da terra. Para alcançar a bênção de Abraão basta qualquer homem crer em Cristo conforme Abraão creu na promessa.

 

Observe que o versículo seguinte estabelece a diferença na argumentação do apóstolo Paulo quanto aos gentios na condição de escravos, e os judeus na condição de meninos: “Ele nos resgatou para que a benção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebêssemos a promessa do Espírito“ ( Gl 3:14 ).

 

Nos versos seguinte o apóstolo Paulo apresenta pontos importantes do Testamento que estipula a herança que será concedida ao herdeiro que alcançar a idoneidade ( Gl 3:15 e Gl 4:1 -2).

 

A adoção

A promessa de Deus a Abraão constitui-se um testamento, e ninguém o anula ou pode acrescentar coisa alguma ( Gl 3:15 ). As promessas foram feitas a Abraão e diz do seu Descendente, que é Cristo ( Gl 3:15 ).

 

Deus prometeu fazer de Abraão uma grande nação e que nele seriam benditas todas as famílias da terra ( Gl 3:8 ). Porém, havia um tempo estabelecido por Deus para que a promessa fosse levada a efeito, e para isso, havia a necessidade da vinda do Descendente ( Gl 4:4 ).

 

Os descendentes de Abraão embora tivessem a promessa, não podiam herdá-la, enquanto não viesse o Descendente, por quem a adoção de filho é concedida. Eles estavam reduzidos à servidão, debaixo da lei, e em nada diferiam dos gentios.

 

Os gentios acabaram por receber a filiação divina através do Descendente e passaram à condição de filhos de Abraão por meio da fé. A bênção de Abraão chegou aos gentios através do Descendente, que é Cristo.

 

Mas, o Testamento (promessa) confirmado a Abraão não fez distinção entre os descendentes de Abraão e os gentios. Embora os descendentes de Abraão estivessem sob tutores e curadores até o tempo determinado por Deus, eles em nada diferiam dos gentios, pois Deus não faz acepções de pessoas.

 

Para adquirir a condição de filhos de Deus, é preciso crer no descendente, por quem é a promessa e a herança, e nisto não há distinção entre gentios e judeus ( Gl 3:26 ).

 

Se os judeus pensavam estar em uma condição privilegiada por serem ‘meninos’, o apóstolo Paulo demonstra que em nada diferiam dos escravos, e que eles não tinha direito à herança.

 

Todos quantos creem em Cristo são de novo gerados, criados idôneos para participar da herança dos santos na luz. Não são meninos, e não precisam de tutores e curadores.

 

Os judeus que têm a adoção de filhos, ou seja, a promessa da herança necessita crer em Cristo, o Descendente, para que sejam resgatados da lei pela fé em Cristo. Os descendentes de Abraão que foram reduzidos à escravidão por causa da lei, são alçados a idoneidade, deixando de ser meninos e com direito pleno à herança.

 

Desta forma, não há gentios ou gregos, pois todos são descendentes, ou melhor, filhos de Abraão, herdeiros conforme a promessa, pela fé em Cristo ( Gl 3:26 ).

 

6 E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

 

Os judeus eram descendentes de Abraão e deles era a adoção por causa do Descendente (herança em testamento), porém não tinham em seus corações o Espírito do Descendente que clama: Aba, Pai.

 

Como entender a colocação seguinte: os que são da fé são filhos de Deus (filhos de Abraão) ( Gl 3:6 ). Os descendentes de Abraão refere-se aos seus filhos segundo a carne ( Jo 8:37 ), ou seja, a descendência de Abraão não concede aos judeus a filiação divina. João Batista disse que não basta dizer temos por Pai a Abraão, antes precisavam mudar de conceitos acerca de como se alcança a filiação divina, uma vez que até mesmo das pedras Deus pode constituir filhos para si ( Mt 3:9 ).

 

Todos os cristãos são filhos de Deus (ou, filhos de Abraão) pela fé em Cristo, e por fé não há distinção quanto às origens carnais, podendo ser judeu ou gentil ( Gl 3:26 ). Ou seja, todos quantos creem, se revestem de Cristo, por serem batizados em Cristo. Para ser batizado em Cristo é preciso fazer parte da carne e do sangue, tornando-se um em Cristo. Desta maneira, os cristãos além de serem filhos de Abraão (filhos de Deus), são descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa “E, se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa” ( Gl 3:29 ).

Por participar da carne e do sangue do Descendente pela fé (Cristo) os gentios tornam-se filhos de Abraão (filhos de Deus), e também descendentes de Abraão. Desta maneira não há distinção alguma entre gentios e judeus.

 

Os judeus eram descendentes de Abraão por terem vínculo de sangue (adoção de filhos), mas não eram filhos de Deus (filhos de Abraão), por não terem recebido pela fé a promessa do Espírito, o seja, o Espírito do Descendente, que clama: Aba, Pai (v. 6).

 

Os que ‘estavam sob a lei’ (judeus) e aceitaram a Cristo pela fé, são filhos de Deus, pois receberam do Santo Espírito em seus corações.

 

 7 Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.

 

Conforme o que foi exposto anteriormente, o apóstolo conclui: “Assim que já não és mais servo…”. A quem o apóstolo Paulo direcionou esta conclusão? Aos escravos que em nada diferiam dos herdeiros quando eram ‘meninos’.

 

Observe que, quando o apóstolo enfatiza que os cristãos são herdeiros, ele quer demonstrar a total garantia de que, como filhos, possuem uma herança por meio da promessa assim como Abraão.

A expressão “plenitude dos tempos” demonstra o caráter da encarnação do Messias a qual acontece em um ponto preciso da história da humanidade  e coloca em evidência o valor messiânico; “enviou Deus”: missão do Filho Jesus enviado pelo Pai. Gl 4,4 e 4,6;

A expressão “plenitude dos tempos” confirma a espera da humanidade pela sua salvação e a concretização desta obra pelo filho de Deus Jesus no momento designado por Deus.